terça-feira, 2 de junho de 2009

Oficina de costura e marcenaria

Iniciativa garante renda a famílias carentes e dependentes químicos em tratamento

Em 1999, o trabalho voluntário começou a fazer parte da vida de Elizeu (pastor da Igreja Batista), numa missão realizada na cidade de Itinga, Vale do Jequitinhonha. “Foi após esta experiência que senti o desejo de ajudar o próximo”. Nessa viagem, em parceria com os fiéis da igreja, ofereceu aos moradores uma oficina de couro e chaveiro. "Esta foi uma chance de trabalho para aquelas famílias que pediam apoio em seu sustento diário”.
Objetos produzidos na oficina em Itinga
Ao retornar a Muriaé, Elizeu sentiu que era hora de colocar em prática a lição de solidariedade aprendida em Itinga. Passou a observar, na sua própria comunidade, o drama de adolescentes envolvidos com drogas. "Era difícil: na minha igreja mesmo, existiam famílias passando por esse problema", relata.
No início, a iniciativa era formada por apenas três dependentes químicos. O pastor montou em sua própria casa uma marcenaria, onde esses jovens, além de aprender uma profissão, tinham um salário mensal. E o mais importante: ficavam longe das drogas. A estrutura cresceu e chegou a abrigar oito jovens. Um deles, o único que permanece sob os olhares de Elizeu, diz que esta oportunidade o ajudou muito. "Agora não fico perambulando pelas ruas fazendo besteira e ainda ganho, todo mês, R$100,00 pelo meu trabalho", relata L H F de 14 anos.
Em Muriaé, uma das iniciativas foi a oficina de marcenaria
O número de envolvidos no projeto diminuiu quando esbarrou na falta de apoio da sociedade. De acordo com Elizeu, é difícil encontrar pessoas dispostas a serem voluntárias, que tenham "visão de doação". "Quando necessitamos de parcerias, quase nunca encontramos, aí o trabalho fica comprometido". Mas, mesmo com as dificuldades, ele não desistiu e busca, agora, uma nova alternativa que pretende se estender às famílias carentes.
O novo projeto já começou. Ele criou, novamente em sua casa, na rua Vicente Cascelli, 240, bairro Dornelas, uma mini-confecção. Com o auxílio de duas ajudantes, são confeccionadas estopas a partir de retalhos de malha, esse material é utilizado nas plataformas de petróleo para a limpeza de máquinas e também é destinado ao uso mecânico. Porém, mais uma vez a iniciativa se torna vulnerável devido à falta de colaboradores. Segundo Elizeu, os retalhos utilizados poderiam ser doados pelas confecções da cidade e, desta forma, mais famílias seriam beneficiadas. No entanto, o pastor e suas ajudantes desembolsam, aproximadamente, R$0,30 por quilo do produto.
Estopas confeccionadas na oficina de costura

Para Ana Célia Cordeiro, 36 anos, uma das participantes do projeto, a falta de incentivo prejudica muito. "Eu gostaria que mais pessoas pudessem ter a chance que eu estou tendo", afirma. A mini-confecção mudou sua vida, pois até então estava desempregada, hoje possui ocupação que ainda lhe garante uma renda mensal.

Elizeu torce para que este trabalho continue por muitos anos, pois para ele não existe gratificação maior do que ver a realização do próximo. "O melhor da vida não é realizar os nossos sonhos, mas sim, realizar os sonhos dos outros", declara.

Mirian Silva

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