Voluntariado especializado em fazer sorrir
Aliviar a tensão, diminuindo o estresse e a ansiedade; atenuar a dor, liberando endorfina (do cérebro) para áreas afetadas no corpo; aumentar a freqüência cardíaca e diminuir a pressão arterial; oxigenar mais e melhor o organismo e ainda fortalecer o sistema imunológico. O nome do remédio responsável por isso tudo? Sorriso. O tratamento também conhecido como sorriso-terapia foi criado em 1986 por um palhaço americano que visitava um hospital de Nova Yorque. Michael Christensen pediu para repetir seu show para a ala de crianças que não pode acompanhar o evento.
Há pouco mais de cinco anos, Antônio Adilson Duarte, 46, também conhecido como Tio Adilson entre a turma de palhaços e pacientes, descobriu que seu pai era portador de câncer. Em meio à dificuldade e o sofrimento do pai, descobriu a alegria de servir. Nascia a Oficina da Alegria, um grupo de voluntários que se veste de palhaço para visitar os hospitais de Muriaé. Os trabalhos começaram a se realizar em asilos, mais tarde nos hospitais São Paulo, Prontocor e do Câncer – Fundação Cristiano Varella.
Tio Adilson, o palhaço
Como missão os sorriso-terapeutas tentam levar paz, conforto, alegria e esperança para pacientes e familiares. Ao invés de estetoscópios e seringas; músicas, palhaçadas, brincadeiras e orações. Aos jalecos brancos, que denotam a seriedade salutar, são incorporados outros adornos aos personagens como perucas ou chapéus engraçados, calças curtas de bolinha, sapatos estilo “bozo” e narizes vermelhos que complementam os rostos pintados. O trabalho ainda envolve a produção de mensagens de estímulo e fé – as receitas médicas - e a distribuição de CDs com músicas.
No Hospital do Câncer as visitas da Oficina da Alegria acontecem às terças-feiras à noite. Os integrantes vão chegando um a um e se preparam para entrar no hospital. Lotam um dos banheiros que serve de camarim para se maquiarem. Quando estão prontos rompem o silêncio dos corredores. As portas dos quartos vão se abrindo aos poucos, timidamente ao som de três violões ritmados pelas palmas dos demais. Os doutores do riso entram nos leitos cantando e fazendo palhaçadas, e não demora muito surgir o primeiro sorriso.
J.C., 47 anos, internado no hospital, no dia da visita dos palhaços conta que estava confuso com a notícia de ser portador de câncer, mas a visita “que nunca esperava acontecer” lhe deu mais ânimo e disposição a enfrentar a doença. Juntamente com a sogra e a namorada, ele pretende levar isso para Cataguases, cidade onde mora, após sair recuperado.
O maior sofrimento é ver alguém chorar, conta o palhaço Gerson Eugênio dos Reis, 43 anos. Às vezes é preciso chorar junto.
Gerson e suas palhaçadas: “forma diferente de ajudar quem precisa”
As alas do hospital vão sendo ocupados ao longo do trabalho. Masculina, feminina, infantil e cirúrgica. Um tipo de cuidado é tomado: homens e mulheres não se tocam em momento algum. Quando uma mulher precisa de oração em que se faz necessário haver o toque, outra mulher se encarrega de fazê-la. Do mesmo modo acontece quando um homem é quem precisa.
As duas áreas que recebem atenção diferenciada são a infantil e a pré-operação. Nesta última, o momento reservado para orar é maior. O grupo conversa, faz graças, interpreta, canta, aconselha e conforta os corações de todas as pessoas que irão para a sala de cirurgia ao raiar do dia seguinte. O dia de trabalho termina com as crianças. Elas acompanham cada movimento dos palhaços sem nem piscar os olhos. A alegria é tamanha que algumas chegam a deixar os quartos acompanhadas pelos pais e seguem corredor adentro, mesmo com sondas nos braços e soros suspensos. Como profissionais do ramo de terapia do riso, os doutores acompanham cada caso e sua evolução. Sabem quem vai operar e quando, e quem já operou. No quarto de D. S., 9 anos, que tinha saído do procedimento cirúrgico, um trio fazia o menino sorrir colocando-lhe o chapéu de palhaço, chamando-o de forte devido ao inchaço de seu braço depois da operação.
Palhaças no quarto do menino D. S.
Antes da oração final o grupo visita rapidamente a Casa de Apoio, onde conversam com os familiares e realizam o mesmo tipo de serviço. Junto com eles, agradecem a Deus por tudo o que puderam realizar, pedem pelos pacientes e famílias e pelo dia seguinte quando farão o mesmo em outro hospital.
Otávio Darowisch
Ouça trechos da Entrevista com o paciente J.C.
Ouça trechos da Entrevista com Antônio Adilson Duarte, idealizador do projeto
Mt boa a Ideia... Nos do DeMolay da nossa cidade tbm fazemos esse projeto em algumas intituições mais carente.. Parabens a todos
ResponderExcluirGosto muito da oficina da alegia, e muito divertido e canta músicas maravilhosamente boas. Tenho que agradecer a eles que me visitaram no hospital era só diversão.
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