quinta-feira, 4 de junho de 2009

APAE Muriaé

Dedicação e amor aos portadores de deficiência
Caroline Teixeira sofreu paralisia cerebral ao nascer. Ela freqüenta a Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais de Muriaé (APAE) desde os oito meses de idade. Hoje, com 15 anos, após um longo período de tratamento, obteve melhoras significativas do controle motor (reflexos e movimentos) e entendimento (interação com as pessoas). Porém, atualmente, a família enfrenta diversos problemas cotidianos, como:
  • a falta de assistência do poder público: um portador de deficiência demanda muitas despesas. São fraldas, remédios, aparelhos, alimentos, e o auxílio governamental é insuficiente. Caroline gasta cerca de R$1.000,00 por mês e recebe do governo federal um benefício equivalente ao salário mínimo;
  • as dificuldades na locomoção: o município dispõe de apenas três linhas de transporte público adaptadas e o número de rampas nas ruas é insignificante, o que dificulta o acesso dos usuários de cadeiras de rodas;
  • e o preconceito: por onde ela passa, muitos olham com estranheza e tratam-na com indiferença.
Caroline Teixeira recebe atendimento desde os oito meses de idade
A APAE-Muriaé atua no sentido de amenizar as dificuldades dos portadores de deficiência. Para isso, fornece alimentos, roupas e ajuda financeira às famílias carentes, além de promover e articular ações de defesa dos seus direitos, buscando a melhoria da qualidade dos serviços prestados e na perspectiva da inclusão de seus usuários.
Pacientes da APAE-Muriaé
A instituição oferece atendimento clínico para, aproximadamente, 400 pacientes portadores de deficiência mental, física, auditiva, visual, além de outras síndromes. O trabalho é realizado por uma equipe composta de pediatra, psiquiatra, neurologista, terapeuta ocupacional, assistente social, fonoaudiólogo, psicólogo, fisioterapeuta, dentista e enfermeira. A evolução no tratamento é registrada pelo clínico responsável em fichas individuais, o que permite acompanhamento e decisão sobre a necessidade de mudança nos procedimentos. Tudo é feito separadamente, de acordo com cada setor.
Recebem acompanhamento de fonoaudióloga

Baseada na lei nº 9.394-96, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, a entidade também executa um trabalho de inclusão social, buscando condições de igualdade e oportunidade para os excepcionais. Existem na Escola Estadual de Educação Especial Walter Vasconcelos (APAE-Muriaé) variadas modalidades de ensino para atender às necessidades dos alunos.

As atividades se dividem em dois campos de ação:

  • salas de recursos – espaços organizados com materiais didáticos, pedagógicos, computadores e profissionais habilitados para minimizar as limitações, promover o desenvolvimento cognitivo e aprimorar o conhecimento dos alunos;
  • oficina pedagógica de formação e capacitação profissional – uma espécie de laboratório que testa as aptidões e habilidades dos alunos, com a finalidade de capacitá-los profissionalmente para o mercado de trabalho.

A participação da família é muito importante. Para isso, foi criado o projeto “Portas abertas”, com o objetivo de estabelecer relações entre as famílias, por meio de reuniões, palestras, encontros, onde são discutidos os métodos a serem utilizados durante o tratamento. Alguns familiares acompanham o paciente diariamente, trocando informações constantes com todo o corpo docente e clínico.

É importante ressaltar que muitas iniciativas só são possíveis em Muriaé e região graças à colaboração de pessoas que contribuem para manutenção da APAE. Os interessados em ajudar de alguma forma ou que simplesmente desejam conhecer a instituição devem entrar em contato pelo telefone (32) 3721-1905 ou ir à rua Nicolau Taranto, 594, bairro Cerâmica. Para mais informações ou esclarecimentos, acesse o site: www.apaemuriae.com.br.

Juliano Moreira

Grupo Di Vida

Iniciativa oferece apoio a pacientes com câncer

Margarida Rodrigues Vargas, psicóloga, é mais um exemplo de voluntariado que deu certo. Em 1999, foi a Belo Horizonte fazer um curso de especialização em psico-oncologia e conheceu um grupo de apoio que ajudava pessoas com câncer, se interessou pelo trabalho e resolveu implantá-lo em Muriaé. As atividades começaram em setembro de 2001, com o apoio de profissionais como Gilca Napier (musicoteraputa), Fernanda Canêdo (nutricionista especializada em nutrição oncológica) e Célia Freitas Bandeira de Mello (pós-graduada em psiquiatria).
Margarida Rodrigues Vargas, idealizadora do projeto Di Vida
A formação do grupo enfrentou dificuldades no início: "As pessoas ficavam desconfiadas porque não tinham que pagar para freqüentar as reuniões. Assim, foi difícil encontrar membros para começar aos trabalhos", afirma Célia Mello. Porém, com o reconhecimento do projeto pela sociedade, este comportamento mudou. Hoje, a sala onde são realizados os encontros está "lotada".
Nestas reuniões acontecem trocas de experiências e informações não só sobre o câncer, mas também sobre a vida de um modo geral. Os profissionais que compõem o grupo selecionam textos sobre assuntos diversos, que são lidos e discutidos por todos. Além disso, aplicam técnicas de relaxamento, realizam trabalhos que facilitam a expressão das emoções e estimulam a participação de todos, aceitando sugestões de temas trazidos por pacientes e familiares.

Membros do grupo Di Vida

Após o encontro, as necessidades de cada paciente são avaliadas e podem ser feitos encaminhamentos para outros profissionais de saúde como dentistas, médicos, nutricionistas, fisioterapeutas, entre outros. "Aqueles que necessitam, também recebem ajuda psicológica", conta Margarida.
Foi o que aconteceu com Marlene Luiza Néri Cassimiro, 49 anos. Em 1994, ela descobriu que estava com câncer, pouco tempo após ter perdido o pai com a mesma doença. Como ainda sofria com a morte dele, resolveu buscar ajuda no grupo Di Vida. Conheceu o projeto por meio de um anúncio no rádio. "As reuniões me ajudaram a superar as dores", recorda. Hoje, já curada, ela recomenda que todos procurem auxílio. "Foi através do grupo Di Vida que passei a perceber que eu não era a única a ter problemas". Marlene conta ainda que, após os encontros, começou a sentir-se mais segura e feliz. A dona de casa continua freqüentando as reuniões toda quarta-feira, às 18h30, no edifício Bronze, na rua Barão do Monte Alto, 125, sala 101.
O grupo ainda confecciona bijuterias cuja venda é revertida para atividades da própria oficina e para atender às necessidades dos pacientes, como a compra de remédios.
Venda das bijuterias confeccionadas pelo grupo
Há oito anos no comando do projeto, Margarida Rodrigues, conhecida como Gôza, considera essa a melhor coisa que já realizou. “Este trabalho mudou a minha vida profissional e pessoal, me tornou uma pessoa mais feliz".
Os interessados em participar ou colaborar com a iniciativa, basta entrar em contato pelo telefone (32) 3722-4979 ou comparecer às reuniões.
Mirian Silva

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Casa da Menina

Uma casa como outra qualquer

Há 47 anos, Muriaé e região contam com uma instituição que atende meninas carentes e órfãs de pai e de mãe. Num regime de semi-internato, elas passam a semana inteira aos cuidados de profissionais voluntários, que trabalham afinco não somente para atender as necessidades básicas de cada uma das meninas, mas também para dar a elas carinho e amor.
Muitas meninas chegam à Casa por que foram rejeitadas pelos familiares. Algumas nem conhecem os pais; foram criadas por tios, padrinhos ou avós. Por isso a maior dificuldade da instituição é a carência das crianças. Na maioria das vezes são meninas conduzidas pelo Conselho Tutelar.
Os profissionais que trabalham na Casa, incluindo a sua diretoria (exceto as quatro estagiárias mantidas pela Prefeitura de Muriaé) doam seu tempo livre e conhecimento sem direito a nenhuma remuneração ou vantagem. Simplesmente o fazem pelo prazer de ajudar as crianças a sorrir, e a ter melhores condições de vida.
A Casa da Menina sobrevive de doações e, por isso, é obrigada a limitar o número de crianças, bem como a faixa etária. Atualmente são 40 meninas de 6 a 12 anos. Mas já houve o tempo em que elas ficavam hospedadas até se casarem e constituírem sua própria família. Muitas ainda visitam o lar e ajudam no que é necessário.
Uma das diretoras da Casa, Rita de Cássia Roriz, afirma que a instituição é “uma casa como outra qualquer”. Por isso precisa ser mantida com o elementar: alimentos, roupas, produtos de higiene pessoal e limpeza.
Otávio Darowisch
Assista um trecho da entrevista concedida por Rita de Cássia Roriz ao Canal Universitário da Faculdade de Minas - Faminas

Pastoral da Criança

Voluntários realizam trabalhos voltados para crianças e famílias carentes
Criada em 1983, a Pastoral da Criança tem como objetivo promover o desenvolvimento integral das crianças, desde a gestação até os seis anos de idade. Todo trabalho é baseado na solidariedade e na multiplicação do saber, por meio de ações preventivas que favoreçam a integração entre a família e a sociedade.
Atualmente, cerca de 260 mil voluntários acompanham mais de 1,8 milhão de crianças e 95 mil gestantes em mais de 42 mil comunidades de 4.066 municípios brasileiros. “Somos uma porção de formiguinhas que se junta, cada uma no seu bairro, no seu município, para atender todo o Brasil”, afirma Lucimar de Souza Freire, coordenadora da Pastoral da Criança da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, localizada no bairro da Barra, em Muriaé.
Os voluntários desenvolvem ações de saúde, nutrição, educação, cidadania e espiritualidade de forma ecumênica nas comunidades carentes. A Paróquia da Barra, por exemplo, atende aos bairros Gaspar, Barra, Aeroporto e Patrimônio São José, beneficiando cerca de 130 crianças. Um trabalho diário, realizado por aproximadamente 50 voluntários divididos entre coordenadores, líderes e apoiadores. Segundo Lucimar Freire, as demais paróquias seguem o mesmo ritmo para que todas as comunidades sejam atendidas. Cada voluntário desenvolve uma atividade, de acordo com sua disponibilidade.
Quatro etapas compõem a rotina da Pastoral da Criança. Inicialmente, é feita uma visita domiciliar – acompanhamento individual das famílias; logo após a visita, acontece a celebração da vida – reunião entre as famílias para avaliar o desenvolvimento de suas crianças e proporcionar a troca de experiências e solidariedade na comunidade; em seguida, uma pausa para a reflexão e avaliação – reunião entre os líderes, apoiadores e o coordenador; e, por último, enumeram as famílias que necessitam de atenção maior no mês seguinte. “A Pastoral presta um serviço de orientação, encaminhamos as crianças para os postos de saúde, creches e escolas”, destaca Lucimar.

Celebração da vida – Março de 2009

Nestes encontros todas as crianças são pesadas e medidas

Desde o início de suas atividades, a Pastoral da Criança busca formas eficientes para medir seus resultados. Para isso, utiliza diversos instrumentos. Alguns exemplos são:

a) o guia do líder – reúne informações e orientações para os voluntários sobre os cuidados, direitos e deveres e educação da criança, promoção da paz na família e alimentação enriquecida;

b) o caderno do líder – reúne indicadores referentes à criança e à gestante que são acompanhados pelo líder, entre outras informações;

c) os 10 mandamentos para a paz na família – sintetizam os princípios que regem a mensagem de paz que o líder partilha com as famílias que acompanha;

d) laços de amor – a cada mês, as gestantes recebem uma cartela com as principais informações sobre o desenvolvimento do bebê, as alterações no corpo da mulher e incentivos para que ela faça seu pré-natal;

e) colher-medida do soro caseiro – colher plástica que tem as medidas exatas de sal e açúcar usadas no preparo do soro caseiro;

f) balança – a cada mês, no dia da celebração da vida, o peso das crianças é anotado no caderno do líder;

g) cartão da gestante e caderneta da criança – esses cartões são entregues aos pais pelo serviço de saúde.

Materiais utilizados pela Pastoral da Criança

Além disso, foi desenvolvido um sistema de informação, via internet, que pode ser consultado pelo público em geral. Com essas informações, é possível avaliar as ações desenvolvidas, definir objetivos e motivar os voluntários. Os relatórios trimestrais estão disponíveis no site www.pastoraldacrianca.org.br.

A dedicação de seus voluntários rendeu à Pastoral da Criança prêmios e distinções de centenas de organizações e instituições nacionais e internacionais, mas o maior reconhecimento vem das famílias que participam da iniciativa. Para Lucimar Vieira, 35 anos, mãe de seis filhos, a obra ajudou no desenvolvimento deles. “Eu sempre participei, meus seis filhos receberam acompanhamento da pastoral”.

Lucimar de Souza Freire, 39 anos, trabalha como voluntária desde 2004. Segundo ela, é preciso gostar de criança, ter paciência e dedicação. “É muito bom participar da Pastoral da Criança. Quem vem se apaixona e não quer sair mais”. Já Nilson Macedo, 50 anos, e sua esposa estão iniciando seu trabalho na pastoral e se sentem motivados, pois colaboram com o desenvolvimento das crianças. “Somos apoiadores há cerca de um ano. Para nós, é muito gratificante”.

Os interessados devem procurar a secretaria da paróquia mais próxima de casa e deixar nome, endereço e telefone. O primeiro contato será feito por um membro da Pastoral da Criança. De acordo com a disponibilidade da pessoa, ela é convidada a participar das primeiras reuniões e iniciar seu trabalho. As doações também podem ser feitas em todo o país, por meio das contas:

Banco do Brasil
Agência: 1244-0
Conta Corrente: 23889-9

Banco HSBC
Agência: 0058
Conta Corrente: 12345-53

Juliano Moreira

Pesquisa/Fonte: www.pastoraldacrianca.org.br

Aprenda a fazer o Soro Caseiro

Fonte/Pesquisa: www.pastoraldacrianca.org.br

Seja um voluntário da Pastoral da Criança

Fonte/Pesquisa: www.pastoraldacrianca.org.br

Pastoral da Juventude

Novas oportunidades ao jovem muriaeense
Criada na década de 70 pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Pastoral da Juventude (PJ) tem como objetivo promover a união dos jovens a partir dos ambientes onde vivem. “Os grupos de jovens nascem das necessidades das próprias comunidades, seja na área urbana, rural ou na periferia”, destaca Vinnicius Mendes Ventura, 23 anos, assessor diocesano da PJ-forania de Muriaé.
A metodologia da PJ é baseada nos seguintes procedimentos: ver, julgar, agir, rever, e celebrar. Incluindo ações de cidadania, por meio do Processo de Formação Integral, ela atua nas áreas:
  • Afetiva – apoio emocional;
  • Social – integração do jovem no grupo e na comunidade;
  • Espiritual – colabora para o crescimento do jovem na fé;
  • Política – desenvolve o senso crítico e estimula o jovem a tornar-se sujeito transformador da história;
  • Técnica – capacita para liderança, planejamento e organização participativos.
Desde quando entra no grupo, o jovem é preparado para se tornar um militante na própria PJ ou em outros movimentos sociais. Para Vinnicius Ventura, que trabalha na PJ há 12 anos, o que mais marca na Pastoral são as reuniões de cada grupo: “O momento em que cada grupo se reúne para discutir temáticas relacionadas à juventude e à sociedade em geral”.
Em Muriaé, a inicitiva existe desde 1984. Atualmente, 12 voluntários coordenam cerca de 30 grupos espalhados pelo município e região. Cada um deles é composto por 8 a 15 jovens, entre 15 a 29 anos. Cada grupo possui um coordenador que realiza as reuniões na própria comunidade. Nestes encontros, eles elaboram e executam projetos, eventos e ações comunitárias. “São jovens evangelizando os próprios jovens”, enfatiza Vinnicius.
Membros da PJ-forania de Muriaé
Uma vez por mês os coordenadores se encontram com a equipe de assessores na Casa das Pastorais Sociais (rua Dr. Marcos Tarcisio, 145 – Barra) para refletir, traçar metas e avaliar os resultados obtidos. A PJ se preocupa em identificar quais as principais necessidades e demandas da juventude. Como conseqüência disso, foi criado, em Muriaé, um comitê que luta para implantação do Conselho Municipal da Juventude no município. “Com a criação do conselho haverá a junção das políticas públicas da juventude na cidade. Vamos capitar recursos para projetos voltados à juventude, principalmente, em comunidades carentes”, explica Vinnicius.
Encontro de Assessores – Março de 2009
Dentre os inúmeros projetos e ações desenvolvidas pela PJ-forania de Muriaé, o “Semente do Novo” merece destaque. Trata-se de um informativo mensal, inspirado no “Teias da Comunicação” da PJ nacional que cuja proposta é a criação de uma rede de produção e difusão de idéias e informações, se tornando um canal democrático e criativo para fortalecer a PJ junto à sociedade. Seu primeiro exemplar foi publicado em 2006, hoje com mais de três anos de história, chegou a sua 39º edição em maio deste ano.
Karla Maria Penido da Fonseca, 20 anos, participa da PJ desde os 13. Hoje realiza um sonho: trabalha como voluntária, exercendo a função de secretária na coordenação da PJ-forania de Muriaé. “Quero discutir mais a fundo os anseios da juventude e tomar decisões que muitos não tomariam para melhoria de vida do jovem. É uma experiência muito gratificante ver que o meu trabalho está ajudando outras pessoas”.
Faça parte dessa iniciativa
Para os que desejam conhecer ou realizar um trabalho, assim como Karla, é só procurar o grupo de jovens da Paróquia mais próxima de casa. O assessor diocesano, Vinnicius Ventura, deixa uma mensagem de incentivo para os jovens que ainda não conhecem a PJ: “Dê sua opinião, faça parte do grupo, desenvolva uma ação voltada para comunidade. Coloque sua criatividade, credibilidade e força, a serviço do próximo”.
Juliano Moreira
Fonte/Pesquisa: http://www.pj.org.br/
Informativo “Semente do Novo”, mais de 3 anos de história

Obra Unida Lar Ozanam

Entidade mantém cerca de 60 idosos com ajuda da comunidade

A Obra Unida Lar Ozanan, localizada na rua Zeno Luiz Mazzoco, 100, no bairro Planalto, em Muriaé, foi criada pela Sociedade São Vicente de Paulo (SSVP) e beneficia atualmente cerca de 60 idosos. Desses, um, em especial, nos chamou a atenção, devido à sua vitalidade. Ao chegarmos ao lar, encontramos no corredor um senhor com cabelos grisalhos, com dificuldade para caminhar, devido a um problema na perna, toalha no pescoço e um recipiente nas mãos contendo sopa de fubá, já que estava na hora de mais uma refeição.

Aproximamo-nos, então, de Antônio Teodoro Banni, 64 anos que, descontraído, começou a falar sobre a sua vida. Morou 4 anos num asilo em Miradouro e há 1 ano está no Lar Ozanan, onde planta flores, cuida da horta e ainda ajuda os pacientes com problemas de saúde e dificuldades de locomoção. “Gosto de ajudar e de viver aqui. Todos me tratam muito bem. As enfermeiras me chamam, até, de ‘meu amor’”, conta Antônio. Logo depois, Banni nos levou para conhecer os demais internos e encontramos alguns com a saúde debilitada.
Antônio Teodoro Banni, 64 anos, morador do Lar Ozanam
Segundo João Calais, diretor do Lar há 21 anos, muitos deles chegam ao local hipertensos e cardíacos. Além disso, sofrem com a solidão e o abandono. “Eles são recebidos aqui sem distinção de raça, cor, ou religião. A prioridade número um é que sejam carentes, sem parentes ou conhecidos que se responsabilizem por eles”, afirma o diretor.

Dos 60 internos, sete não possuem benefício do INSS (aposentadoria), o restante colabora doando 70% do valor à entidade, ou seja, com o salário mínimo no valor de R$ 465,00, apenas R$ 325,00 é destinado à entidade, este valor foi estipulado de acordo com o Estatuto do Idoso. Aqueles que não recebem, a casa os mantêm com roupas, alimentação, atendimento médico e remédios.

Idosos reunidos no horário do almoço

O Lar Ozanam, como entidade sem fins lucrativos, enfrenta, todos os meses, problemas financeiros, já que os gastos com cada interno giram em torno de R$650,00 e as doações recebidas, muitas vezes, não alcançam este valor. “A luta é diária. Vamos à feira, ao comércio, a confecções e pedimos ajuda”, declara João Calais. Para suprir as necessidades, são realizados bazares de roupas usadas e bingos.

Segundo Domingos La Gata, presidente da diretoria do lar há 4 anos, o governo do Estado contribui com apenas R$ 3.000,00, o que não é suficiente para arcar com as despesas e ainda pagar o salário de 18 funcionários, entre enfermeiros, auxiliares de serviços gerais, cozinheiras e fisioterapeutas.

O trabalho realizado por Domingos é voluntário e, apesar das dificuldades encontradas todos os dias, ele diz que é gratificante, devido ao apoio que recebe da comunidade. Além dele, a diretoria é composta por um vice-presidente, um tesoureiro e um secretário que se reúnem semanalmente para administrar os problemas da instituição. Todos trabalham voluntariamente.

Para aqueles que desejam colaborar, as necessidades prioritárias do Lar Ozanam são fraudas descartáveis e mantimentos como arroz, feijão e açúcar. O telefone para as doações é (32) 3722-4367. De acordo com a assistente administrativa do lar, Fabiana Xavier, as visitas acontecem todos os dias das 14h às 16h e são muito importantes para os idosos. “O que eles mais precisam é de carinho e atenção. Sentem falta da família, de alguém para conversar e abraçar”.

Mirian Silva

Fonte/Pesquisa: http://www.larozanam.org.br/

Oficina da Alegria

Voluntariado especializado em fazer sorrir
Aliviar a tensão, diminuindo o estresse e a ansiedade; atenuar a dor, liberando endorfina (do cérebro) para áreas afetadas no corpo; aumentar a freqüência cardíaca e diminuir a pressão arterial; oxigenar mais e melhor o organismo e ainda fortalecer o sistema imunológico. O nome do remédio responsável por isso tudo? Sorriso. O tratamento também conhecido como sorriso-terapia foi criado em 1986 por um palhaço americano que visitava um hospital de Nova Yorque. Michael Christensen pediu para repetir seu show para a ala de crianças que não pode acompanhar o evento.
Há pouco mais de cinco anos, Antônio Adilson Duarte, 46, também conhecido como Tio Adilson entre a turma de palhaços e pacientes, descobriu que seu pai era portador de câncer. Em meio à dificuldade e o sofrimento do pai, descobriu a alegria de servir. Nascia a Oficina da Alegria, um grupo de voluntários que se veste de palhaço para visitar os hospitais de Muriaé. Os trabalhos começaram a se realizar em asilos, mais tarde nos hospitais São Paulo, Prontocor e do Câncer – Fundação Cristiano Varella.
Tio Adilson, o palhaço
Como missão os sorriso-terapeutas tentam levar paz, conforto, alegria e esperança para pacientes e familiares. Ao invés de estetoscópios e seringas; músicas, palhaçadas, brincadeiras e orações. Aos jalecos brancos, que denotam a seriedade salutar, são incorporados outros adornos aos personagens como perucas ou chapéus engraçados, calças curtas de bolinha, sapatos estilo “bozo” e narizes vermelhos que complementam os rostos pintados. O trabalho ainda envolve a produção de mensagens de estímulo e fé – as receitas médicas - e a distribuição de CDs com músicas.
No Hospital do Câncer as visitas da Oficina da Alegria acontecem às terças-feiras à noite. Os integrantes vão chegando um a um e se preparam para entrar no hospital. Lotam um dos banheiros que serve de camarim para se maquiarem. Quando estão prontos rompem o silêncio dos corredores. As portas dos quartos vão se abrindo aos poucos, timidamente ao som de três violões ritmados pelas palmas dos demais. Os doutores do riso entram nos leitos cantando e fazendo palhaçadas, e não demora muito surgir o primeiro sorriso.
J.C., 47 anos, internado no hospital, no dia da visita dos palhaços conta que estava confuso com a notícia de ser portador de câncer, mas a visita “que nunca esperava acontecer” lhe deu mais ânimo e disposição a enfrentar a doença. Juntamente com a sogra e a namorada, ele pretende levar isso para Cataguases, cidade onde mora, após sair recuperado.
O maior sofrimento é ver alguém chorar, conta o palhaço Gerson Eugênio dos Reis, 43 anos. Às vezes é preciso chorar junto.

Gerson e suas palhaçadas: “forma diferente de ajudar quem precisa”

As alas do hospital vão sendo ocupados ao longo do trabalho. Masculina, feminina, infantil e cirúrgica. Um tipo de cuidado é tomado: homens e mulheres não se tocam em momento algum. Quando uma mulher precisa de oração em que se faz necessário haver o toque, outra mulher se encarrega de fazê-la. Do mesmo modo acontece quando um homem é quem precisa.
As duas áreas que recebem atenção diferenciada são a infantil e a pré-operação. Nesta última, o momento reservado para orar é maior. O grupo conversa, faz graças, interpreta, canta, aconselha e conforta os corações de todas as pessoas que irão para a sala de cirurgia ao raiar do dia seguinte. O dia de trabalho termina com as crianças. Elas acompanham cada movimento dos palhaços sem nem piscar os olhos. A alegria é tamanha que algumas chegam a deixar os quartos acompanhadas pelos pais e seguem corredor adentro, mesmo com sondas nos braços e soros suspensos. Como profissionais do ramo de terapia do riso, os doutores acompanham cada caso e sua evolução. Sabem quem vai operar e quando, e quem já operou. No quarto de D. S., 9 anos, que tinha saído do procedimento cirúrgico, um trio fazia o menino sorrir colocando-lhe o chapéu de palhaço, chamando-o de forte devido ao inchaço de seu braço depois da operação.

Palhaças no quarto do menino D. S.

Antes da oração final o grupo visita rapidamente a Casa de Apoio, onde conversam com os familiares e realizam o mesmo tipo de serviço. Junto com eles, agradecem a Deus por tudo o que puderam realizar, pedem pelos pacientes e famílias e pelo dia seguinte quando farão o mesmo em outro hospital.

Otávio Darowisch

Ouça trechos da Entrevista com o paciente J.C.



Ouça trechos da Entrevista com Antônio Adilson Duarte, idealizador do projeto

Pró-Moradia

Cerca de 600 famílias beneficiadas em 17 anos de existência
Em janeiro de 2009, o Pró-Moradia completou 17 anos de atuação em Muriaé, graças ao esforço e à dedicação do Padre Thiago Prins, idealizador do projeto e presidente das Obras Sociais Pró-Moradia, e seus colaboradores. Padre Thiago nasceu na Holanda, em 29 de janeiro de 1930. Formou-se em Filosofia e Teologia, ordenando-se padre no ano de 1955. Em 1962, chegou ao Brasil, onde trabalhou nos seguintes municípios: Muriaé, Juiz de Fora e Rio de Janeiro. Em 1991, voltou à Muriaé e deu início, em 1992, ao “mutirão de casas populares” em parceria com um grupo de voluntários. A iniciativa cresceu e hoje, centenas de pessoas são beneficiadas.

Padre Thiago Prins, idealizador do projeto

Além de garantir a conquista da tão sonhada casa própria, construída pelos próprios moradores, com materiais doados pela sociedade muriaeense e contribuições de benfeitores de quatro países: Alemanha, Estados Unidos, Suíça e Holanda, o projeto oferece uma vida mais digna às famílias carentes, investindo em saúde, educação, participação comunitária e, principalmente, solidariedade e cidadania.

Atualmente, três bairros participam do projeto: Marambaia, São Joaquim e Vale Verde, cerca de 600 famílias e 1200 crianças são beneficiadas. “Começar o projeto, começamos. Agora, quando vamos terminar a obra, só Deus sabe. Enquanto existir uma família carente de moradia, estaremos prontos para trabalhar”, destaca Padre Thiago.

O projeto é destinado às famílias de baixa renda com filhos pequenos que não possuam lote ou casa e residam há mais de três anos na cidade. Os futuros moradores devem participar do mutirão de construção e manter os filhos na escola. Outro ponto importante é a utilização de parte do terreno (30%) para produzir algum tipo de cultivo. Segundo Padre Thiago, a família pode perder o direito de morar na casa se descumprir o contrato de comodato. Somente após 10 anos morando no local, a escritura do imóvel é entregue aos proprietários.

Os próprios moradores constroem as casas em regime de mutirão

Vale Verde, o mais novo empreendimento do projeto, recebeu, em 2006, a visita dos holandeses Coby e Ton Kalkers. O casal, que doou terrenos no bairro, veio conhecer o local onde moram, aproximadamente, 80 famílias assistidas. Coby, ao ver de perto o resultado dos trabalhos realizados, disse desenvolver ações humanitárias também na África: “Mas aqui é o projeto do meu coração. É um lugar onde as famílias recebem não apenas moradia, mas um lar”.

Padre Thiago pretende ir além das construções de casas populares. Prova disso é a criação do Centro de Leitura Infantil (CELI), inaugurado em maio de 2009, no bairro Vale Verde. O projeto de incentivo à leitura é um modelo europeu e conta com uma estrutura capaz de atender dezenas de crianças. Voluntários também fazem parte desta nova iniciativa: em cada rua do bairro há uma “mãe leitora” que comparece no CELI para contar histórias às crianças. O local é bem estruturado e possui livros variados, além de um parquinho para atrair ainda mais a atenção das crianças.

Centro de Leitura Infantil: uma opção saudável para as crianças do Vale Verde


Um pouco mais sobre o Pró-Moradia

Filosofia

  • Juntar esforços – diante da falta de moradias populares e da insuficiência de recursos públicos para sanar o problema, a saída é juntar os esforços, ou seja, GOVERNO, COMUNIDADE e FAMÍLIAS CARENTES para construir, sem interrupção, casas, dividindo as tarefas da seguinte forma: governo municipal –lotes populares com o mínimo de infraestrutura; comunidade – financiamento dos materiais de construção; familias carentes – mão-de-obra.
  • Combater a fome – o dinheiro, antes gasto com o aluguel da casa, destina-se à compra de mantimentos. É um processo lento, porém, com efeitos duradouros.
  • Mutirão é a solução – pessoas de baixo poder aquisitivo não possuem terreno nem dinheiro para comprar material, mas elas têm sua força de trabalho. Devemos aproveitar este potencial humano. O mutirão reduz cerca de 30% o custeio de uma construção, cria um clima de solidariedade entre os participantes e acaba com uma mentalidade paternalista: em vez de dar o peixe, ensina-se a pescar.
  • Distribuição de renda e cidadania – possuindo um lote e o início de uma casa, a família de baixa renda tem a perspectiva de uma vida melhor. Com o tempo, ela investirá na reforma e ampliação dessa casa, construindo um patrimônio e alcançando a tão sonhada cidadania.
  • Um apelo à solidariedade – muitos se preocupam com a miséria e suas sequelas: desagregação da família, marginalização e criminalidade. Por meio deste projeto, eles têm a oportunidade de manifestar sua solidariedade, assumindo as despesas do material de uma casa.
  • Retorno do capital – com o contrato de comodato a Associação “Obras Sociais Pró-Moradia” não só se previne contra eventuais negociatas, como também assegura o retorno do capital. No futuro, o projeto se torna, em parte, auto-sustentável.
  • Formação de uma comunidade – não basta doar uma casa a famílias de baixa renda, é preciso acompanhá-las por meio de um trabalho de assistência social, integrando-as numa comunidade.
  • Organização não-governamental – embora trabalhando em parceria com a administração municipal, as Obras Sociais Pró-Moradia mantêm uma independência total em relação à política partidária. Seu objetivo é intermediar entre as classes sociais e promover a construção de moradias para famílias de baixa renda.
Os interessados em participar do projeto devem procurar a Secretaria Paroquial da Matriz São Paulo na rua Dr. Afonso Canêdo, 47, Centro. Outras informações: (32) 3721-5309.
Juliano Moreira

Fonte/Pesquisa: Correio Muriaense - www.correiomuriaense.com.br
InteraNews - magnolopez.blogspot.com

Rotaract

Dois anos de prestação de serviço aos muriaeenses
Fundado em 1968 pelo Rotary International, o Rotaract é um programa voltado para jovens universitários e profissionais, com idade entre 18 e 30 anos. Seu objetivo é desenvolver a liderança, o trabalho em equipe e as relações internacionais. A iniciativa realiza projetos de alfabetização, planejamento familiar, fluoretação, entre outros, diretamente com a comunidade ou em parceria com empresas e instituições. Dessa forma, os membros do Clube acreditam ajudar na construção de um mundo melhor, diminuindo os problemas sociais e transformando realidades.
Atualmente, existem 142.692 rotaractianos espalhados por 146 nações ao redor do mundo, organizados em 6.204 rotaracts diferentes. O Brasil é o segundo país com o maior número de membros da entidade (cerca de oito mil jovens), perdendo somente para Índia. “Um grande exemplo de globalização, pois desde sua fundação, pensa mundialmente e age localmente, respeitando as necessidades e culturas locais”, destaca o atual presidente do RCT Muriaé-Norte, Walter Gravina Junior, 26 anos.
Em Muriaé, o Rotaract foi criado no dia 2 de maio de 2007 e, desde essa época, trabalha na elaboração e execução de projetos destinados ao município e região. Entre eles, estão:
  • Visitas ao Lar Ozanam (instituição que abriga idosos de Muriaé e região) – organizam uma festa para os internos, com músicas, lanches e fotos;
  • Campanhas de Natal – em 2007, foi criada a primeira campanha em parceria com o Rotary Club de Muriaé-Norte, beneficiando dezenas de gestantes com a doação de kits e realização de palestras sobre os cuidados durante a gravidez. Já no Natal de 2008, o RCT Muriaé-Norte, em parceria com o Grupo de Montanhistas de Muriaé e Região (GMMUR), doou cerca de 350 kits com brinquedos, balas e doces para crianças da zona rural e famílias vítimas da enchente;
  • Arrecadação de Livros – para estimular mudanças na vida dos presos da Penitenciaria Dr. Manoel Martins Lisboa Júnior, em Muriaé, o Rotaract Club organizou uma mobilização que arrecadou 1.140 livros didáticos e de ficção. Da elaboração à entrega dos livros, foram quase três meses;
  • Distribuição de cartilhas educacionais;
  • Realização de almoços e jantares beneficentes.

Projeto “Noel no Mato” – Dezembro de 2008

Rotaract faz doação de 1.140 livros à Penitenciaria

Atualmente, 10 jovens voluntários participam do RCT Muriaé-Norte, todos comprometidos não só com o Clube, mas com a prestação de serviços à sociedade. Para Walter Gravina, fazer parte dessa iniciativa é muito gratificante. “É uma forma de doarmos nosso talento e trabalho de maneira espontânea e não remunerada para causas de interesse da nossa comunidade”.
Ellen Santos e Souza, 22 anos, ocupa o cargo de secretária do RCT em Muriaé, para ela, ser voluntária é um grande prazer. Cita como exemplo, as Campanhas de Natal que distribuem presentes para as crianças. “A alegria delas, a surpresa, o brilho no olhar é muito compensatório”.
Para os interessados em participar ou colaborar com a entidade, é necessário comparecer às reuniões, realizadas todos os domingos às 18 horas, na Casa da Amizade (Avenida JK, 1189 - Centro). Após participar de três reuniões, os integrantes do Clube avaliam se o novo membro possui os pré-requisitos de um rotaractiano. “O candidato a sócio deve preencher, antes de tudo, os quesitos de caráter, responsabilidade e liderança”, afirma Walter Gravina.

Juliano Moreira
Fonte/Pesquisa: www.rcmuriaenorte.com.br / www.rctmuriae-norte.blogspot.com

Mensagem do Rotaract Club


Fonte/Pesquisa: www.youtube.com

terça-feira, 2 de junho de 2009

Oficina de costura e marcenaria

Iniciativa garante renda a famílias carentes e dependentes químicos em tratamento

Em 1999, o trabalho voluntário começou a fazer parte da vida de Elizeu (pastor da Igreja Batista), numa missão realizada na cidade de Itinga, Vale do Jequitinhonha. “Foi após esta experiência que senti o desejo de ajudar o próximo”. Nessa viagem, em parceria com os fiéis da igreja, ofereceu aos moradores uma oficina de couro e chaveiro. "Esta foi uma chance de trabalho para aquelas famílias que pediam apoio em seu sustento diário”.
Objetos produzidos na oficina em Itinga
Ao retornar a Muriaé, Elizeu sentiu que era hora de colocar em prática a lição de solidariedade aprendida em Itinga. Passou a observar, na sua própria comunidade, o drama de adolescentes envolvidos com drogas. "Era difícil: na minha igreja mesmo, existiam famílias passando por esse problema", relata.
No início, a iniciativa era formada por apenas três dependentes químicos. O pastor montou em sua própria casa uma marcenaria, onde esses jovens, além de aprender uma profissão, tinham um salário mensal. E o mais importante: ficavam longe das drogas. A estrutura cresceu e chegou a abrigar oito jovens. Um deles, o único que permanece sob os olhares de Elizeu, diz que esta oportunidade o ajudou muito. "Agora não fico perambulando pelas ruas fazendo besteira e ainda ganho, todo mês, R$100,00 pelo meu trabalho", relata L H F de 14 anos.
Em Muriaé, uma das iniciativas foi a oficina de marcenaria
O número de envolvidos no projeto diminuiu quando esbarrou na falta de apoio da sociedade. De acordo com Elizeu, é difícil encontrar pessoas dispostas a serem voluntárias, que tenham "visão de doação". "Quando necessitamos de parcerias, quase nunca encontramos, aí o trabalho fica comprometido". Mas, mesmo com as dificuldades, ele não desistiu e busca, agora, uma nova alternativa que pretende se estender às famílias carentes.
O novo projeto já começou. Ele criou, novamente em sua casa, na rua Vicente Cascelli, 240, bairro Dornelas, uma mini-confecção. Com o auxílio de duas ajudantes, são confeccionadas estopas a partir de retalhos de malha, esse material é utilizado nas plataformas de petróleo para a limpeza de máquinas e também é destinado ao uso mecânico. Porém, mais uma vez a iniciativa se torna vulnerável devido à falta de colaboradores. Segundo Elizeu, os retalhos utilizados poderiam ser doados pelas confecções da cidade e, desta forma, mais famílias seriam beneficiadas. No entanto, o pastor e suas ajudantes desembolsam, aproximadamente, R$0,30 por quilo do produto.
Estopas confeccionadas na oficina de costura

Para Ana Célia Cordeiro, 36 anos, uma das participantes do projeto, a falta de incentivo prejudica muito. "Eu gostaria que mais pessoas pudessem ter a chance que eu estou tendo", afirma. A mini-confecção mudou sua vida, pois até então estava desempregada, hoje possui ocupação que ainda lhe garante uma renda mensal.

Elizeu torce para que este trabalho continue por muitos anos, pois para ele não existe gratificação maior do que ver a realização do próximo. "O melhor da vida não é realizar os nossos sonhos, mas sim, realizar os sonhos dos outros", declara.

Mirian Silva

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Sopão

Trabalho voluntário beneficia cerca de 40 pessoas em Muriaé

Para amenizar a dura realidade dos moradores de rua de Muriaé, o vendedor Edmilson Fernandes da Silva, 25 anos, criou em 2005 o “Sopão”. Iniciativa que distribui refeições gratuitas todas as noites de quinta-feira. “Começamos transportando a sopa em veículo próprio, com a ajuda de amigos e colegas, logo depois recebemos o apoio da Igreja da Barra, da Sociedade São Vicente de Paulo (SSVP) e de várias pessoas que colaboravam anonimamente”.

A idéia surgiu em 2004. Na volta do Nordeste, passando por São Paulo, Edmilson Fernandes conheceu um projeto semelhante em uma comunidade da metrópole. A atitude das pessoas o tocou de maneira tão profunda que ele sentiu necessidade de fazer algo.

Hoje, o projeto conta com a participação de sete voluntários. Além deles, dois vicentinos se revezam a cada semana. Adilson Schitini Leite, 61 anos, é o responsável pela visita e convocação destes vicentinos em suas comunidades. “As conferências da SSVP são a sustentação de uma das partes; a outra parte, a Pastoral de Rua, são os voluntários que trabalham fazendo o ‘Sopão’ e buscando as doações”.

Os mantimentos utilizados no “Sopão” são arrecadados da seguinte maneira:
  • não perecíveis – por meio de campanhas realizadas pela Paróquia da Barra. Todo 4º domingo do mês, ao final de cada missa, arrecada-se quilos e mais quilos de macarrão, canjiquinha, fubá e temperos;
  • perecíveis – como carnes e legumes, são recolhidos nos mercados, frigoríficos, açougues e hortifrutis pelos voluntários, no mesmo dia do preparo da sopa.

“No inicio não tínhamos a estrutura necessária, hoje com muita perseverança e fé em Deus montamos uma estrutura boa, mas sempre é bom reforçar os pedidos de doação”, destaca Edmilson.

O “Sopão” beneficia cerca de 20 a 40 pessoas por semana. Além da comida, são doadas roupas, agasalhos e cobertores. Segundo Adilson Schitini, o número de pessoas beneficiadas varia muito, ele cita dois exemplos: “Podemos, por exemplo, chegar no Posto Bela Vista e encontrar uma família de migrantes (andarilhos) com 15 pessoas; Já no dia que tem festa na cidade diminui o número dessas pessoas nas ruas, elas vão para o local da festa, porque lá vão conseguir algum trocado, obter alguma vantagem”.

Para os interessados em participar ou colaborar com doações, os encontros acontecem todas as quintas-feiras a partir das 15 horas na Casa da Menina, ao lado da Paróquia Nossa Senhora Imaculada Conceição no bairro da Barra. Podem ainda procurar a Secretaria da Paróquia e/ou a Sociedade São Vicente de Paulo (a conferência mais próxima de sua casa).

Acompanhe o passo-a-passo do "Sopão"

Toda quinta-feira, a partir das 15 horas, na Casa da Menina, ao lado da Paróquia Nossa Senhora Imaculada Conceição na Barra, um grupo de pessoas se reúne, voluntária e anonimamente, para dar início à preparação da sopa que será distribuída mais tarde. O cardápio varia entre sopa de macarrão com legumes e canjiquinha com carne. Além disso, serve-se cafezinho e água gelada.

Todos os ingredientes utilizados no “Sopão” são doados pela comunidade

Na espaçosa cozinha, cedida pela Casa da Menina, trabalho é o que não falta. Em uma mesa grande, Fernando Reis dos Santos, 59 anos, corta diversas garrafas PET que servirão de pratos e enrola com guardanapos colher por colher. Além disso, deposita em cada garrafa de água, uma dose de água benta. Na pia, que ocupa um lado de uma parede da cozinha, duas mulheres descascam e picam os legumes, limpam e temperam a carne. Enquanto isso, Maria José Rosa, 60 anos, assume o fogão. O alimento é preparado com carinho e atenção. Para Maria Aparecida da Silva, 60 anos, é uma satisfação participar do projeto, “gosto muito de ajudar as pessoas”. E ela ainda faz um alerta, “hoje estou ajudando, no dia de amanhã, quem sabe, vou precisar de ajuda”.

Cada garrafa de água recebe uma dose de água benta

Por volta das 21h, o alimento que vai saciar a fome de andarilhos e moradores de rua e as roupas, agasalhos e cobertores que irão aquecê-los, já estão prontos. A kombi, cedida pela Sociedade São Vicente de Paulo (SSVP), que levará o alimento e as roupas, acaba de chegar. O motorista, Antônio Teodoro, tem como função conduzir o veiculo com o máximo cuidado possível para que as sopas não derramem. Na parte de trás do carro estão dois vicentinos da Conferência de São Marcos (bairro Dornelas) e seu Fernando; ao lado do motorista, está Edmilson Fernandes, criador do “Sopão”. Assim que seu Antônio dá a partida, a reza do terço é iniciada. Quem puxa a oração é Edmilson.

Além do alimento ganham roupas, calçados e cobertores

A cidade é percorrida de um canto a outro e, durante esse caminho, são encontrados diversos tipos de pessoas. “Percorremos o Centro, as principais avenidas da cidade e os bairros centrais, além de vários trechos das BR’s que cortam Muriaé, onde se encontram o maior número de andarilhos e moradores de rua”, destaca Edmilson. Adilson Schitini, um dos voluntários, conta que já se deparou com várias situações, desde andarilhos, famílias de migrantes e mendigos, até gays e prostitutas. “Quando percorremos o Centro da cidade e notamos o individuo deitado na calçada, nós o abordamos da maneira mais educada possível, explicamo-lhes o nosso trabalho e oferecemos a sopa. Esperamos até que ele sacie sua fome, servimos o café e a água, que fazemos questão de ser benta e, por fim, perguntamos se ele deseja escutar uma palavra de conforto e de fé. Se sentirmos alguma má vontade, nós o deixamos quieto, pois o nosso papel naquela noite é levar o alimento e não convertê-lo a nada. Da mesma forma acontece quando percorremos as estradas”.

Cerca de 40 pessoas são beneficiadas pela iniciativa

As noites de quinta-feira só terminam para estes voluntários às 3h da madrugada. Quando sobra sopa, ela não é desperdiçada. O alimento que não foi entregue naquele dia é levado e distribuído no Lar Ozanam (instituição que abriga idosos de Muriaé e região e que também recebe o apoio da Sociedade São Vicente de Paulo).

Juliano Moreira

Colaboradores:
Janiele de Souza Freitas
Rodrigo Borges Perigolo

Conheça os Voluntários do “Sopão”